2 de mar. de 2018

Algumas palavras sobre respiração e tempos e patamares estranhos

Eu estava jogada mexendo no celular - fazendo a coisa que mais odeio no mundo ultimamente: rolar a tela dos feeds das minhas redes sociais.

Faz uns meses, mas principalmente no último, eu não consigo mais me sentir bem e confortável passando tanto tempo no ambiente virtual. Por quê será, ein? Será que algum dia já me fez bem estar em meio a tudo isso todo santo dia?

A rotina espaçada me dá calafrios e faz com que eu me sinta absolutamente inútil para o mundo. E inativa. Eu odeio me sentir inativa e passiva quando se trata da minha própria vida. O grande problema é que eu não sei por onde começar e o mais importante de tudo: começar o quê? Que direção eu devo tomar?

Adiante é tão relativo quanto qualquer coordenada evasiva. Eu estou perdida no marasmo da minha rotina.

Mas é aí que eu queria chegar: por onde começar. A vida é muy louca, e recebi agora uma notificação de que uma menina favoritou o primeiro capítulo da história que finalizei oficialmente ontem. Umas horas atrás a minha leitora mais fiel me agradeceu por ter contado a mesmíssima história.

Estamos em patamares e níveis tão diferentes das nossas vidas que me arrisco a dizer que viver é como ler uma história, ninguém lê na mesma velocidade, na mesma intensidade, com a mesma intenção. A literatura é morta se não tem espectador.

O que seria da arte sem a plateia?

A gente se martiriza e culpa tanto por não ter um ritmo tão rápido - ou tão lento - quanto o das pessoas que vemos na nossa volta. A gente quer desacelerar quando corre e sair em disparada enquanto descansa.

Será que isso é culpa nossa subjetiva ou é culpa do sistema que estamos inseridos?

Não se preocupe, essa não é mais uma das minhas críticas sociais, é só mais um dos mil desabafos que venho fazendo silenciosamente. É só um suspiro cansado de quem não tem ideia de como agir com a própria vida.

É feliz quem é ativo, disseram-me.

Mas e quando o início da próxima temporada foi adiado e a gente precisa pacientemente esperar o primeiro capítulo, sem espiar os spoilers na internet?

A vida, meus caros, existe quando existe, é autossuficiente.

Seríamos nós incapazes de lidarmos de forma saudável com ela?

O fuso-horário é mesmo louco e o tempo corre mais que Barry Allen. A gente nunca quer ficar para trás.

Mas lembre-se: quando assistimos um seriado, vemos vários lados da história e xingamos um pouco as personagens por serem tão burras, até nos darmos conta de que elas não sabem dos detalhes que temos acesso. Elas estão ali, em meio ao próprio drama.

Não estaríamos nós sendo injustos com nós mesmos ao esperarmos que adiantemos todas as estreias e esgotemos todas as bilheterias?

A gente vive pelas visualizações e esquece que tem que gravar.

Mais importante ainda: esquece que o show sempre conhece muito tempo antes de se iniciar.

Que caiam as cortinas: você não precisa estar tão preparado quanto acha que precisa estar.

A vida é uma tomada rápida de fôlego e você precisa aproveitar do oxigênio enquanto ainda pode.

Não esquece de respirar, viu?

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